Sobre

GRATO

Na última edição deste portentoso, o colunista João Bosco Souto, a quem chamo Bosquinho, discorreu sobre a eutrapelia, palavra que caracteriza o humor sem ofensa. Na oportunidade citou-me como exemplo.

Fiquei deveras lisonjeado com o texto, sobretudo por partir de alguém com tamanha bagagem literária, detentor de um vasto e rico vocabulário. Claro que pesou o fato de sermos amigos há mais de vinte anos, pesou para a homenagem e pesou para ter-me como exemplo.

O cearense Bosquinho é um dos maiores talentos que habitam o solo mossoroense. Sua profissão nada tem a ver com textos e letras, mas, como um bom devorador de livros, escreve muito bem quando se propõe a fazê-lo.  

 ANTIVAXX – Na última semana, circulando pelas ruas de Governador Dix-sept Rosado, o município, percebi três pessoas conversando sobre a vacina contra a Covid-19. Pela aparência, gente que já rompeu a casa dos 50 anos. Duas delas diziam que não tomariam a vacina, pois feita pelos comunistas da China. O lúcido da história tentava argumentar que no geral vacinas e medicamentos possuem algum insumo chinês (não disse com essas palavras), e que ninguém nunca deixou de se vacinar e medicar por causa disso. Uma delas, para encerrar a conversa, disse que Bolsonaro não tomaria e então faria o mesmo. Pronto.

Lamentavelmente, as declarações do presidente Jair Bolsonaro exercem um poder muito grande sobre parcela da população. Da mesma forma que muitos não tomarão a vacina em atenção ao que ele falou, outras tantas deixaram de se proteger durante a pandemia pelo comportamento errático do chefe maior da Nação, que sempre fez pouco caso da doença, desde a famigerada “gripezinha”, passando pelos “E daí” e “Doença de maricas”.

POLÍCIA CORROMPIDA – A revista Piauí de janeiro trouxe uma corajosa matéria, assinada por Allan de Abreu, dissecando a corrupção existente na Polícia Federal do Rio de Janeiro, com foco no delegado Pompílio da Hora, aposentado no início do ano passado.

Pompílio se valia do cargo para achacar possíveis investigados, cobrando alto para que seus nomes e os de suas empresas não fossem incluídos em inquéritos e, caso já incluído, cobrava para retirar. Os valores giravam em torno de R$ 1,5 milhão, quantia que era dividida com o escrivão Everton Ribeiro e outros três comparsas.

A matéria traz diversos exemplos concretos, tanto da equipe de Pompílio, como de outras. Entre 2002 e 2011, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou 150 policiais federais fluminenses, o equivalente a 10% do total.

Impressionante ver como no Rio de Janeiro o poder público, em todas as esferas e órgãos, está corrompido pela corrupção e demais crimes contra a administração pública.

ABANDONADO – É triste ver a situação do prédio onde funcionou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) no município de Governador Dix-sept Rosado. Por meio da Resolução nº 07, de 15 de agosto de 2017, a 57ª Zona Eleitoral, com sede no município, foi extinta. Desta forma, os eleitores do município foram remanejados para a 49ª Zona Eleitoral, com sede em Mossoró e que também engloba os eleitores do município de Upanema.

Com a desativação, o prédio onde funcionou a sede da 57ª foi abandonado, literalmente. O lamentável é que se tratava de um prédio novo e moderno, inaugurado em 2014.

 Já ouvi relatos de instituições querendo assumir o que restou do imóvel, vez que vândalos saquearam e levaram tudo o que era possível, como louças dos banheiros, fiações, maçanetas, luminárias e até portas. Basicamente só deixaram as paredes. A prefeitura também tem interesse em assumir a estrutura, mas até agora nada andou.

Enquanto isso, o prédio segue abandonado e entregue aos vândalos e usuários de drogas.

COMEÇOU COM UMA BOMBA – Uma máxima diz que no Brasil o ano só começa depois do carnaval. Em 2021, então, ele começou com tudo. Já no “primeiro dia” o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou prender o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), que havia usado o YouTube para enaltecer o AI-5 e atacar ministros.

Logo a polêmica se fez nas redes sociais, com as torcidas de um lado e outro defendendo suas posições de forma casuística, jamais racional.

O fato é que a imunidade parlamentar por falas, palavras etc. não é absoluta. Basta você imaginar o que aconteceria se algum parlamentar fosse ao Twitter defender a pedofilia, por exemplo. O parlamentar pode muito, mas não pode tudo.

No geral, é repugnante toda forma de extremismo. As conquistas e avanços devem se dar com diálogo e respeito às instituições, aos adversários e também à imprensa.

CABOTINOS – Aqui no nosso torrão potiguar, alguns jornalistas insistem em querer ser, eles mesmos, o destaque da notícia. Sempre dizendo que teve influência sobre decisão tal tomada por um político, que antecipou isso ou aquilo, que é temido por alguns, que fez isso, fez aquilo.

A situação me remonta a um podcast do Estadão onde duas jornalistas que acompanham o cotidiano do cercadinho do Palácio da Alvorada foram ouvidas. Elas relataram tudo o que passam no local, especialmente as agressões verbais que sofrem dos bolsonaristas.

Lá pelas tantas o entrevistador perguntou por que elas nunca fizeram uma matéria para o Estadão sobre as agressões, aí elas falaram, cada uma do seu jeito, que uma das lições básicas do Jornalismo é que o profissional da imprensa não é notícia, que deve apenas checar os fatos e divulgá-los.

Claro que há o jornalismo de opinião, mas aí é outro assunto. Não devemos colocar tudo num balaio só. Quer ser celebridade e comentado por aí? O melhor caminho é entrar no mundo artístico.

FALTA DE ARGUMENTOS – Mandar estudar, durante uma discussão, é a frase mais arrogante e furtiva que existe. Se o interlocutor tem argumentos a expor, o faça de forma didática e simples. Desta forma será muito mais fácil convencer o contendor.

GARGALO DO SUS – Na pandemia o Sistema Único de Saúde (SUS) provou sua importância. Sem ele, o número de mortes teria sido muito superior. Apesar do elogio, é forçoso reconhecer que o sistema apresenta muitas falhas, sobretudo na média complexidade, onde está seu maior nó.

Na saúde básica e na alta complexidade o SUS é muito bom, mas quando parte para o atendimento mediano o sistema não anda. O paciente sofre quando precisa de cirurgias eletivas, exames ou precisa se consultar com algumas especialidades médicas, como cardiologistas e neurologistas.

DOWNLOAD – O Brasil possui uma das legislações mais brandas quando se trata de downloads ilegais. O art. 184 do Código Penal só considera crime quando o objetivo é o lucro. Assim, não é crime baixar filmes e músicas piratas, por exemplo, desde que seja para consumo próprio. Há legislações bem mais severas mundo afora. 

SOLUÇÃO ESQUISITA – Após o retorno das aulas numa escola particular de Mossoró, a Vigilância Sanitária foi fazer uma inspeção e constatou que havia excesso de alunos nas salas e que a instituição deveria adotar alguma medida para resolver o problema.

Pois bem, adotou. A escola agora está alternando aulas remotas com aulas presenciais da seguinte forma: um dia a classe inteira assiste às aulas de casa e no outro dia todos assistem às aulas na própria escola. Qual a lógica nisso? A única consequência desse método será a diminuição dos custos da escola. Não serve de nada no combate à disseminação do vírus.

Escrito por Erasmo Firmino

Comentários

Comente

One Ping

  1. Pingback:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Carregando...

0

Navegando pelas Ribeiras do Seridó

Carlos André —O gigante de Mossoró