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CENTÃO

Armando Borges: “ … escrevia artigos, estiradas compilações, em que não havia nada de próprio, mas ricos de citações…”[2]

Qualquer semelhança entre este que vos escreve e o Doutor Armando Borges não é mera coincidência, quem me conhece sabe da predileção que tenho por por citações e provérbios, no concernente a estes últimos inclusive há uma palavra que os define, paremiologia: coleção de provérbios; tratado ou estudo acerca de provérbios.  O maranhense Artur Azevedo escreveu uma peça de teatro[3] repleta de provérbios.

Para grata satisfação – não sou apenas eu e o Doutor Armando – descobri que o recurso à citações é antigo e utilizado por literatos e filósofos: “O que quer que um outro disser bem, é meu.” Sêneca (século I d.C.)  “Não me inspiro nas citações; valho-me delas para corroborar o que digo e que não sei tão bem expressar, ou por insuficiência da língua ou por fraqueza do intelecto. Não me preocupo com a quantidade e sim com a qualidade das citações. Se houvesse desejado que fossem avaliadas pela quantidade teria podido reunir o dobro.” – Montaigne (1592)

O professor Francisco Edílson Leite Pinto Junior narra um fato interessante sobre citação, segundo o professor: “A cada publicação recebia elogios e críticas, ‘construtivas’, como a última: “Sabia que seus textos têm tantas citações, o que nos leva a pensar que não são seus e sim dos autores citados? Cheguei até a contar treze citaçãoes em apenas um artigo.”[4]

Edilson Pinto narra que comentou com a sua mãe – escritora e professora de crítica da literatura – a inquietação sobre o número de citações em seus textos e a mãe contou a seguinte história: “Certo dia o grande escritor Ariano Suassuna foi convocado para fazer uma conferência para os alunos de pós-graduação. Interrompido, no meio de sua palestra, por um aluno que também gostava de contar o número de citações – Professor, diante de todos estes autores famosos citados, o qué é do senhor? Ariano, rapidamente, respondeu: “O FURTO. Sim, o furto – acha que roubar todas estas frases e organizá-las, não tem seu mérito?”

Pelo exposto, caro(a) leitor(a), eu e o doutor Armando Borges estamos em boas companhias e se você – também – gosta de adágios, anexins, citações, dichotes, pensamentos e provérbios, trata de começar a formar o teu repertório pois, segundo Voltaire: “Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males.


[1] https://dicionario.priberam.org/cent%C3%A3o

[2] Lima Barreto, Triste fim de Policarpo Quaresma

[3] https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/0042-00732.html

[4] O ladrão de citações, Morangos do abismo, pág 179-180

Escrito por João Bosco

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