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Velho é seu cérebro!

Perguntei se tinha capa para meu smartphone comprado há dois anos e o boy disse que não. “Vixe, esse é das antigas!”, afirmou com a maior pompa. Já pensou?! Das antigas? Um negócio comprado há dois anos ser das antigas? Onde essa galera tá com a cabeça minha gente?! Então, ele que devia ter uns 25 anos é de que tempo, da era dos dinossauros?

Parece uma bobagem, mas isso reflete muito como nossa juventude está olhando para o tempo. Estão comparando a vida com a tecnologia efêmera da internet onde tudo parece velho, menos a bobajada que uma galerinha tá criando aí nas redes. É biquinho com a boca, boné de rolé estrangeiro, rits sem pé nem cabeça. Um esforço gigantesco para ser jovem, estar na moda; uma sofreguidão ou uma foto para cada ação.

Nosso país avançou um pouco na educação, mas ainda está muito atrasado na percepção da realidade e leitura de sua própria cultura. A história aqui, além de ser mal contada, acobertada e falseada, é desprezada. O esforço do brasileiro médio para se parecer com os EUA é tanto, mas tanto, que a gente não se preocupa em construir uma cultura solidificada na experiência, vivência e reconhecimento dos feitos anteriores.

A galera acha que ter telefone do momento ou saber dizer o ditado do dia, saber cantar a modinha é o que rende para vida. Tudo é velho, menos a cabeça dessa gente que não se preocupa em ter conteúdo, volume de conhecimento, consciência do tempo e entendimento sobre o perigo do consumismo crescente. Essa gente é que ajuda o país a entrar nesta curva acentuada de retrocesso cultural, humano e social; que escolhe mal presidente, deputado e prefeito. Uma gente que nada tem com nada, mas acha que pode tudo.

Velho aqui é o pensamento imaturo de uma juventude que não tem de dar duro em nada para ter o que nós, de minha geração, levamos uma vida para conquistar. Quem nunca carregou um balde de água nunca saberá o valor de uma gota, nunca valorizará a caminhada e a necessidade de olhar para trás antes de dar o próximo passo. Gente assim, que acha que a vida é fácil,  pode se tornar o gargalo das próximas gerações, porque, infelizmente, pagará o preço cruel e mesquinho do desinteresse, da facilidade insustentável de uma geração criada no leito em pó.

Escrito por Paiva Rebouças

É golpe!

De boa