Sobre

Os dias

Perdi tanta gente querida. Vi tantos sofrendo pela perda dos seus. Lamento constatar que jamais saberemos quantos milhares (milhões?) se foram por descaso, experimentos, negacionismo. Essa pandemia mais que apresentar um vírus novo, descortinou pensamentos e ações que eu julgara já esquecidos. Sempre fui idealista e acreditei na humanidade que deveríamos todos ter. Sou daquelas pessoas que se emocionam fácil e estão sempre querendo ajudar o próximo e os não tão próximos assim. De besta, gritariam alguns. Pode ser, mas não sei ser diferente. Até ensaio vez em quando me dessensibilizar um pouco… sem conseguir. Tento evitar pessoas e situações, não assistir a telejornais nem acessar portais e redes sociais, mas é impossível querer se isolar do que lhe cerca mesmo tendo consciência de que o entorno lhe adoece. Ficar sem notícias quando é exatamente o jornalismo sério, a difusão de fatos e números que, por mais que doam, precisam ser mostrados? E lá vou eu de novo para as redes sociais, sites e portais me engajar no que acredito, dar visibilidade ao que precisa ser mostrado. Tá, tudo bem se permitir uns respiros. Embriagar-se de vida e vinho e cerveja e sol e amigos e risadas aos sábados, esquecer o celular desligado aos domingos, deixar-se levar pela lua ou a música ou um livro ou filme em qualquer dia da semana, olhar as flores, os pássaros, os bebês e crianças que atravessam o caminho. Respirar lenta e profundamente, fechar os olhos, pensar na sua riqueza apesar das dificuldades, sua família, o filho que finalmente foi vacinado, os carinhos e pequenos prazeres como uma tapioca com nata e um café amargo ou um copo de água gelada, um mergulho no mar de verdade e no de emoções que a vida desperta.

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