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COBRA TENTAR DEVORAR PORCO-ESPINHO, NÃO CONSEGUE “CUSPIR” E AMBOS MORREM

Uma cobra morreu após tentar devorar e devolver um porco-espinho em Shoham, em Israel.

Aviad Bar, um ecologista de répteis da Nature and Parks Authority, identificou que a cobra estava tentando comer um porco-espinho comum. “A direção dos espinhos não permitia que a cobra cuspisse o porco-espinho. Ambos morreram no trágico encontro”, explicou. (Fonte: Uol – matéria completa aqui)

Lendo essa matéria, a primeira lembrança que me veio foi de minha mãe. Que horror! Lembrar de Maria do Socorro, que sempre foi um amor de pessoa, perante uma fatalidade gastronômica estúpida e tão apavorante como essa?! Explico. É que minha mãe sempre dizia quando algum dos filhos(as) dava uma de guloso(a) diante de uma comida gostosa: “Menino(a), para de comer com os olhos!”. E quando alguém comia rápido demais na ânsia de repetir o prato, ela completava: “Menino(a), coma devagar pra não se engasgar. Quer morrer pela boca igual a peixe?”. Pois é. A cobra morreu pela boca. E pelo estômago e suas entranhas.

“Comer com os olhos” (comer uma quantidade superior àquela necessária para passar a fome, comer além do limite, comer em excesso) e “Morrer pela boca igual a peixe” (usado para dizer que devemos tomar cuidado em abrir a boca para falar alguma coisa, assim como o peixe devia tomar cuidado em abrir a boca para morder uma isca), são dois ditos populares relacionados a atividades degustativas de seres vertebrados do reino animália.

Instigado pelo inusitado da notícia e pela lembrança materna espontânea e estrambótica, resolvi pesquisar sobre outros adágios que possam trazer uma elucidação de viés socio-filosófico, fisiológico e zoológico aos diversos eventos que desencadearam nessa bizarra tragédia animal. A seguir alguns provérbios populares (fonte: https://rockcontent.com/br/talent-blog/ditados-populares/), seus significados e a devida análise epistemológica em relação ao fato:  

  1. “Nem tudo que reluz é ouro”: Mostra que nem sempre as aparências contam. É preciso conhecer melhor uma pessoa por dentro para saber qual é o seu caráter. Análise: Nesse caso, a cobra não conhecia a aparência de sua presa nem por dentro nem por fora.
  2. “A pressa é a inimiga da perfeição”: É necessário ter paciência e fazer as coisas devagar para alcançar os objetivos. Análise: Faltou paciência para analisar melhor a sua vítima e a cobra acabou se estrepando, isto é, se espinhando toda.
  3. “À noite todos os gatos são pardos”: Quer dizer que durante a noite a visão fica comprometida e todas as cores parecem iguais. Ou seja, é difícil fazer distinção. Análise: Pela luminosidade da imagem fica claro que a tragédia não aconteceu à noite. Mas pode ser que por algum problema de visão, a cobra não tenha conseguido distinguir entre um porco comum e um porco espinho.
  4. “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”: Aqui, o objetivo é simples: quando você faz algo negativo para alguém, sofrerá consequências no futuro. Análise: No nosso caso, causa e consequências foram imediatas: matou e morreu.
  5. “Um dia é da caça, outro do caçador”: Essa expressão representa que a vida oferece dias bons e ruins para todos. Análise: Dia péssimo para a caça e o caçador. Infelizmente.
  6. “O seguro morreu de velho”: Essa é uma mensagem de precaução. Pessoas que prezam pela segurança morrem de velhice, não por algum acidente. Análise: A precaução passou longe nesse triste episódio.
  7. “Não existe rosa sem espinho”: Esse ditado ressalta que até mesmo as coisas mais prazerosas da vida podem esconder alguns perigos. Análise: Não existe porco-espinho sem espinhos. Fica o alerta, animais da família elapidae.
  8. “As aparências enganam”: Significa que muitas vezes julgamos uma pessoa de um jeito, e ela mostra ser de outro. Por isso, ele nos ensina que a essência das pessoas é mais importante do que a aparência. Análise: Faltou a cobra uma análise mais acurada sobre a aparência do porco-espinho. Nesse caso, ela se ateve mais a essência. Deu no que deu.
  9. “Caiu na rede é peixe”: Devemos aproveitar tudo sem ficar escolhendo muito, pois qualquer coisa que tivermos será boa e servirá de conforto. Análise: Nem sempre, nem sempre.
  10. “A cavalo dado não se olham os dentes”: Nunca devemos criticar um presente ou algo que nos é dado, mesmo que não seja de nosso agrado. A ideia aqui é sempre agradecer em vez de ser crítico. Análise: Tudo bem que não se olhem os dentes do cavalo, mas tem que se olhar os espinhos do porco-espinho.
  11. “De grão em grão, a galinha enche o papo”: Essa expressão está relacionada com a paciência que devemos ter na vida para atingir determinado objetivo. Análise: De espinho em espinho, além de não encher o papo, a cobra morreu.
  12. “Pimenta nos olhos dos outros é refresco”: Significa que pouco nos importa o sofrimento e o sentimento alheio, ou seja, não demonstramos compaixão pelo outro. Análise: A falta de compaixão da cobra nos remete a outro ditado: o castigo veio a cavalo.
  13. “O diabo não é tão feio quanto se pinta”: Sugere que devemos tentar ver as coisas sempre de forma positiva e, assim, não tornar as coisas ruins piores do que elas realmente são. Análise: Para a cobra, o que parecia feio ou ruim se mostrou pior.

Moral da história: Nunca tente colocar algo na boca, se você não tem a certeza de que pode botar para fora depois.

Escrito por Marco Túlio

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