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Terra de heróis

Vivemos em uma terra de gente forte, valente, destemida, de heróis sobreviventes que comemoram o fim, enfim, de 2020, com esperanças renovadas. Vejo no noticiário como as praias estão lotadas, setor turístico a todo vapor. Há tempos não curtimos abraçando tanto a família, longe das simples curtidas das redes sociais. São celebrações, festas, aglomeração até para compra de picolé na barraquinha. Somos heróis, somos o Brasil.

Uma ‘pandemiazinha’ seria capaz de tirar essa alegria do brasileiro, esse brilho do nosso olhar? Nunca. Mas a Pandemia tão achincalhada, que teve seu poder devastador colocado em xeque, tratado como um “virusinho”, uma “gripezinha”, “resfriadinho”, propagado aos quatro cantos, já matou quase duzentas mil pessoas somente em terras brasileiras. Temos uma retrospectiva de um ano repleto de desalento.

“Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso…” Um momento que não serviu para o homem ser mais humano; e não sairemos da pandemia melhores. Longe disso. É “vírus versus verme”, “vermes versus ciência”. Lembro bem que na Itália, no início deste ano, morriam cerca de mil pessoas por dia, vítimas da Covid-19, e nós assistíamos a tudo horrorizados. Choramos cada alma que partia em um cenário trágico que não demorou a se instalar aqui.

“Levai as almas todas para o Céu e socorrei principalmente aquelas que mais precisarem…” Para surpresa do Mundo, o brasileiro, o homem de Deus, defensores da família e dos bons costumes, já não se importavam tanto com quem perdia a batalha para o vírus. Minimizaram tudo, normatizaram a matança indiscriminada pelo coronavírus, como se os gestores não tivessem negligenciado. “Foi crucificado, morto e sepultado”.

E o que 2021 nos reserva? Imagino um 2020 parte 2. Brasil à deriva com aumento de casos e de óbitos pelo vírus, instabilidade política, desemprego. E o pior: ausência de um plano para a coisa mais importante deste século: a vacina. Enquanto milhões estão sendo imunizados mundo afora, temos um timoneiro que parece ter saído de um filme de terror, de conduta vulgar, torpe, vil, ranzinza, medíocre, canalha.

Luís de Camões disse que “O fraco rei faz fraca a forte gente”. E quando o rei despreza sua gente?

— Em terra de heróis a luta nunca termina — imagino.

Escrito por Túlio Ratto

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