A borboleta, irrompendo da pilha de roupas recém-tiradas do varal, arrancou-me um grito e um pulo para trás ao mesmo tempo em que me fez mergulhar numa avalanche de emoções. Enquanto meu companheiro praticamente dançava com um travesseiro na mão, numa tentativa de espantar a visita de nossa cama, minha mente rememorava os momentos vividos nos últimos dias e a presença do meu pai na finalmente e tantas vezes adiada reunião de seus filhos. Interessante ver como somos tão diferentes e iguais e como tentamos encher o vazio de mais de 20 anos com histórias e lembranças e música e locais, piadas, brincadeiras e risos. Mostramos nossas crias, algumas cicatrizes e o gosto pela alegria. Comidas típicas, todas as bebidas e sugestões de passeios não faltaram, numa tentativa, sei lá, de refazer aquele caminho que se perdeu no tempo, mas que parece que ainda não é tarde demais. Fotografias e informações pessoais foram trocadas, assim como promessas de nos mantermos em contato e exercitarmos juntos essa coisa Cadengue de ser. Se é verdade que as borboletas são visitas de espíritos queridos, então sei bem quem voava ao meu redor. E os meus olhos se encheram d’água.


