“Cu de burro, cu de burro na área…”. A expressão alçada à fama pelo saudoso narrador esportivo Zé Ary bem que podia ilustrar os relatos dessa pré-campanha para o Senado este ano no Rio Grande do Norte. Com apenas uma vaga em disputa, sete partidos já se prontificaram a ter candidatos para o chamado “céu” pelo então senador Agenor Maria.
A eleição que, ao contrário do governo do estado, deve ser definida no 1º turno, com maioria simples, este ano ganhou uma nova sopa de letrinhas, já que alguns partidos mudaram de nome e alguns nomes mudaram de partidos. Mas, como parece que isso não importa mesmo, deixa pra lá.
O partido Brasil 35 (ex-Partido da Mulher Brasileira) tem como pré-candidato ao Senado Federal o ex-deputado federal e advogado Ney Lopes de Souza. A Democracia Cristã pretende oficializar a candidatura da veterinária Shirlei Medeiros. O PSTU deve lançar a pré-candidatura do professor Dario Barbosa. Já o PSOL, que tinha três pré-candidatos, se definiu pelo nome de Freitas Júnior.
O ex-ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho é o pré-candidato do PL. Carlos Eduardo vai tentar o caminho do céu pelo PDT e o atual deputado federal Rafael Motta, do PSB, quer que a vaga ocupada atualmente por Jean Paul Prates (PT) seja dele.
Já o senador Jean sonha que seu partido resolva deixar de lado os forasteiros e se concentre em seu nome para a reeleição. Enquanto isso, se coloca à disposição para suplente do ungido pelo PT, aspira a uma futura secretaria estadual, quiçá um ministério e se nega a concorrer à Câmara Federal ou Assembleia Legislativa.
Trabalhado exaustiva e escancaradamente há alguns anos sob patrocínio do governo federal, o bolsonarista Rogério Marinho vem reunindo prefeitos em torno de seu nome e urdiu também a pré-candidatura oposicionista de Fábio Dantas (solidariedade) ao Governo do RN.
Apesar de ter reunido várias siglas em torno de sua pré-candidatura, Marinho deixa claro a quem queira saber “O palanque do presidente, no RN, sou eu, minha candidatura majoritária ao Senado e quem vai defender o legado do presidente Jair Bolsonaro sou eu, quem vai defender as realizações dele no RN, no Nordeste e no Brasil, sou eu”. Alguma dúvida?
O ex-prefeito de Natal e ex-candidato ao governo do estado, Carlos Eduardo (PDT) pode ter perdido as eleições em 2018, mas não perdeu a majestade… Ops, digo a oportunidade de se aliar à governadora Fátima Bezerra (PT) e ser seu candidato ao Senado como parece estar sacramentado até o momento.
Numa bela jogada, a governadora Fátima vem atraindo seus principais adversários para a candidatura majoritária e esvaziando a oposição. Se vai conseguir seu intento, só outubro dirá.
Quem também é aliado de Fátima e do governo petista, mas tem ‘atrapalhado’ um pouco o xadrez e “fincado pé” para ser o candidato governista ao Senado é o atual deputado Federal Rafael Motta, do mais novo amigo de infância PSB.
Jovem, articulado, bonito e carismático, Rafael atrai uma boa parcela dos petistas que não perdoa Carlos Eduardo ter apoiado Bolsonaro em 2018. Resta saber se as correntes petistas vão conseguir esquecer ou desculpar o voto do menino Motta pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
Como, pelo visto, o que não falta são telhados de vidros e estilingues — as velhas baladeiras — a postos e a campanha ainda está só nos ensaios, apesar do jornalismo militante, do jornalismo desejoso e dos blogs a soldo, muita água ainda há de correr sob as muitas pontes deste Rio Grande do Norte.
Pelo que mostra a pesquisa Item divulgada no último dia 23, as intenções de votos para Marinho, Carlos e Motta estão tecnicamente empatadas, entre 14,7% e 13,4%.
No quesito rejeição, Rogério Marinho lidera com 16,8%, seguido de Carlos Eduardo com 14% e Rafael Mota com 7,5%.
Mas, o que impressiona é o número de pessoas que declarou estar indeciso ou votar branco ou nulo: 55,2%.
Enquanto os eleitores desse cansado elefante não se decidem a assumir a responsabilidade pelas mudanças que quer ver realizadas no estado e votar para isso, a gente fica por aqui, ouvindo aquela velha canção da Xuxa que pergunta “Quem vai ganhar? Eu quero ver!” e, como as nossas referências musicais não estão as melhores neste mês, encerramos com um pouco de Elias Becky e sua filosofia de cantiga de roda: “Tem que ser forte pra não escorregar (…) Pra lá e pra cá, pra lá e pra cá, pra lá e pra cá. Só vai vencer quem em pé ficar”.
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