Túlio Ratto
Incentivar trabalhos artísticos dos convivas tem sido uma das missões do Centro de Convivência e Cultura (CECCO), vinculado à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Natal. E para trazer à baila o resultado do processo de trabalho artístico-terapêutico, o Centro promoverá a “Mostra CECCO – A arte vence o manicômio”. A abertura do evento ocorrerá no dia 6 de dezembro, com início às 14h, na Galeria Newton Navarro, abrigada na sede da Fundação Cultural Capitania das Artes. A Mostra tem curadoria de Jennifer Katarina e Julia Schenkel e seguirá até o dia 08.
A Mostra Cecco é uma oportunidade única para o público conhecer mais a história do Centro de Convivência e Cultura de Natal, serviço da Rede de Atenção Psicossocial que opera na interface entre saúde e cultura. A exposição inclui quadros do acervo do antigo Ambulatório de Saúde Mental e do acervo do CECCO, além de trazer diferentes expressões artísticas produzidas ao longo dos seis anos de existência do serviço. A mediação artística será realizada por grupos formados por convivas (integrantes do CECCO), alunos do Curso de Produção Cultural do IFRN e do Curso de Psicologia da UFRN. Serão três dias de intensa programação na FUNCARTE pelo Coletivo do CECCO, o qual oferece à cidade uma amostra de seu cotidiano, permeado por diversas linguagens artísticas e pela ética antimanicomial no cuidado em saúde mental.
A “Mostra CECCO 2023” é mais do que uma simples exposição de arte. Dando visibilidade à potência estética das produções dos convivas, convida a sociedade a desmanchar estigmas em relação à loucura e à saúde mental. Ao apresentar fragmentos da história do serviço a partir da produção artística dos convivas que, no encontro com o CECCO, foram descobrindo sua arte, a Mostra testemunha a potência da relação entre arte e saúde mental, e o quanto é possível e necessário construirmos uma sociedade sem manicômios. A entrada é gratuita.
Entre os convivas artistas, a Mostra revelará a realizadora audiovisual Katplayer (Katyane Nascimento), responsável pelo curta-metragem “Enfim livres”, em alusão ao Setembro Amarelo; o escultor Alberto Medeiros e a artista visual Luiglen Fagundes. No dia a dia, o CECCO faz diversas ocupações e oficinas de arte e lazer, trabalhando o cuidado em liberdade. “O trabalho em saúde mental está coberto de muito preconceito, com uma visão tortuosa do usuário. Precisamos transformar a arte em antídoto para o ser humano. E no Centro há uma convivência muito boa das pessoas”, ressalta Katplayer.
O Centro de Convivência e Cultura existe há seis anos, localizado na avenida Capitão Mor Gouveia, 1214, Cidade da Esperança, ao lado do CAPS Infantil. Atende atualmente a mais de 90 usuários. Qualquer pessoa com algum transtorno mental pode procurar o Centro e terá acesso a um processo de tratamento artístico-pedagógico, principalmente com os professores José Carlos (dança zumba), Cátia Ribeiro (dança criativa) e Charles Vasconcelos (teatro).
A programação do evento será no período de 06 a 08 de dezembro. Na abertura, dia 06, haverá, às 14h, apresentação de percussão e dança voltada para ritmos da cultura popular, como ciranda e coco de roda. No dia seguinte (07.12), ocorre o vernissage da exposição, às 8h, e apresentações de dança, a partir das 9h, que se estenderá durante todo o dia. E no dia 08, a Mostra CECCO programa a exibição do curta “Enfim livres”, na Sala de Balé, às 9h, além de Teatro de Mamulengos, às 14h, apresentações teatrais, a partir de 15h, e o encerramento do evento logo após as récitas.
Serviço:
Organização geral: Julia Schenkel, Natália Campos, Roxane Sales, Jennifer Katarina.
Realização: CECCO NATAL, IFRN-Centro Histórico e Grupo de Pesquisa Gentileza/UFRN.
Curadoria: Jennifer Katarina, Julia Schenkel.
Colaboradores: Lenilton Teixeira, Kimi Han e César Filho, KurtanaKombi.
Apoiadores: Prefeitura do Natal, Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Cultura, Funcarte.
