Sobre

Viva?!

Acho que hoje estou morta. Morta antes de morrer. Uma morte não morrida e não ainda matada. Morte esculpida num frasco surrado, com uma bebida colorida, cujo gosto é de amora e alecrim. 

Talvez este lado morto de mim esteja muito vivo e, o lado ainda é fosco e mendigo, um habitante estúpido, bêbado de insônias e surtos. Será mesmo a morte uma dama de preto, de foice afiada na mão? Não seria ela uma loira, de olhos claros e voz delicada? 

Quem realmente está enganado, ela ou eu? Morte asfíctica, tóxica, apoplética, traumática… Será ela tão viva assim para tema de recorrentes discussões, tratada por diversos povos com misticismo? Será ela tão ordinária e má? 

Ó dama que nos segue, siga por um lado que iremos aqui por outro, se for cedo iremos nos render e se for tarde lutaremos, talvez juntas! 

Morte – Do latim mors, obitu… Na literatura, na história e na ciência…Ó senhora, dona de mim, eis que teus olhos brilhantes que se afagam nos meus, nas minhas doces lágrimas de sofreguidão, de abusos, absurdos nas minhas lacunas invisíveis. 

Houve um inventor no começo do século XX que desenhou um sistema de alarme que poderia ser ativado dentro do caixão, se o cadáver acordasse poderia avisar. Isto por causa das dificuldades na definição de morte. Na maioria dos protocolos de emergência, mais de uma confirmação de morte é necessária.

O ser humano não está pronto para morrer ou para encontrar o outro lado. Acho que também não estamos prontos para viver. É muito mais fácil definir a morte do que esta agonia em que estamos. 

A questão é: o que acontece, especialmente com os humanos, durante e após a morte? Se pensarmos na morte como um estado permanente, é uma interrogação frequente, latente na psique humana. Consequências negativas, não seria isto o que torna a morte incômoda? 

Ou o medo do inferno, por isto mais temida? Várias religiões creem que após a morte o ser vivo fica junto do seu criador, Deus. Por que tanto medo em encontrar com nosso Pai? A morte é representada por uma figura mitológica em várias culturas. 

Na iconografia ocidental ela é usualmente representada como uma figura esquelética vestida de manta negra com capuz e portando uma foice. É representada nas cartas do Tarot e frequentemente ilustrada na literatura e nas artes. 

A associação da imagem com o ceifador está relacionada ao trigo, que na Bíblia simboliza a vida. Na mitologia grega, Tânato seria a divindade que personificava a morte, e Hades, o deus do mundo da morte. Ela é relatada em vários trabalhos televisivos e cinematográficos. 

Há histórias de que ela pode ser subornada, enganada, ou iludida, a fim de manter uma vida. A série Supernatural apresentou uma visão nova da morte onde um dos cavaleiros do apocalipse e a morte na condição humana, discutem com o personagem principal sobre sua origem, ao qual ele afirma ser mais velho do que Deus, além de ter existido também em outros planetas, tendo levado a vida lá também para o abismo. 

A morte é considerada através de várias perspectivas na literatura de todo o mundo. Encaramos a morte, lidamos com o falecimento de entes queridos e desconhecidos, discutimos o seu significado religioso, filosófico, social, etc. A morte, no ramo das ciências, é estudada pela tanatologia. 

Neste sentido são estudados causas, circunstâncias, fenômenos e repercussões jurídico-sociais. Um dos ramos da ciência relatados através de vários casos de quase morte estuda os sentimentos declarados de pacientes que recuperaram suas funções vitais depois de uma intervenção médica. São comuns relatos de pessoas que dizem ter visto uma luz, um túnel iluminado e às vezes vendo-se a si mesmo, fora do próprio corpo, durante uma cirurgia. Morremos um pouquinho a cada dia, após um dia aflito, de insônia, de brigas. Após uma festa ou carnaval, pandemia. 

Após votar em um governante, uma cola na prova de português e até mesmo depois de arrotar palavrões na cara das pessoas. Talvez morte tenha uma gadanha colorida, pode ter pele pálida e voz suave… Será que não estaríamos mortos tentando a vida? 

Por hoje me basta apenas saber que ainda não morri e aprender um pouco mais em ser um simples frasco com veneno doce, um tanto cheio ou um tanto vazio.

Escrito por Sulla Mino

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Carregando...

0

GARANTIA