Em um dos nossos tantos encontros etílicos, chega-me Túlio Ratto com a proposta:
— Galega, topa escrever uma coluna na Papangu?
Confesso que no primeiro momento tomei um susto, porque eu só conhecia a Papangu pelas narrativas das reviravoltas provocadas no High Society mossoroense contadas por Túlio Ratto, Cid Augusto e companhia. Por isso, sei da responsabilidade que é falar mal ou elogiar pessoas e atitudes com a categoria papaguense. Mas, como me chamaram, atendi prontamente e disse:
— Eis-me aqui!
Passei algumas horas pensando sobre o que escrever nesta coluna e lembrei que, ao me convidar, o Ratto autorizou a falar sobre o que ou quem eu quiser, dizendo ele, ter advogado. Aproveitou inclusive para reforçar que, dependendo do que vier por aí, os trabalhos jurídicos vão bombar com a ressureição da revista mais polêmica do Estado.
Voltando aos escritos, minha primeira saída foi procurar no dicionário o que significa oficialmente a palavra “papangu”: sujeito que come angu e meninos de máscara que ficam pelas ruas pedindo ajuda para seus blocos de carnaval. Esta, aliás, é uma tradição mossoroense. Todo ano tem papangu nos sinais de trânsito da cidade.
Descobri então que sempre usei o termo da forma errada, já que disponho dessa palavra para descrever quase todas as pessoas – dependendo da entonação é que se sabe se a comparação com os mascarados de rua é boa ou ruim. Se bem que se olhar para minha cara, já se sabe o que eu quero dizer, porque geralmente a expressão acompanha o sentimento. Então, cheguei a duas conclusões. A primeira é que só é papangu de verdade aquele que tem pedigree emitido por Túlio Ratto e Ana Cadengue. A segunda é que se o cidadão não tem o selo oficial de papanguense nem é um daqueles meninos que andam nas ruas durante o carnaval, é um papangu sem raça, vira-lata mesmo, fazendo jus ao termo como sempre usei. E quero dizer que, a partir de agora, sou oficialmente uma papangu de raça, titularizada e muito orgulhosa de fazer parte deste time.
Comentários
Carregando...