Acordei hoje com uma saudade danada daqueles que me inspiraram na vida. Em especial do meu pai que com a simplicidade de um homem que não teve muito estudo, mas que acreditava que era por eles que seus filhos iriam encontrar um melhor destino, acreditando de forma empírica na ciência e na educação como instrumento transformador. Hoje, mesmo nesse período de repleto de negacionistas, posso estar aqui escrevendo esse artigo e sendo construtor da sociedade que gostaria de que ele pudesse usufruir graças a sua crença que a educação é algo basilar na vida moderna.
A pandemia que já ceifou mais de 370 mil brasileiros, entre eles inúmeros pais que tiveram vidas parecidas com o meu, que construíram um lar a duras penas, mas que escolheram o caminho da educação para seus filhos e filhas na perspectiva de um futuro melhor, faz chorar esses filhos pela perda irreparável da figura paterna.
A negligência do governo federal que insiste em não assumir seu papel de coordenador nacional dessa grande crise sanitária, parecendo que optou pela morte em relação a vida, fez e fará com que muitos pais não tenham a satisfação de ver seus filhos e filhas usufruindo de um futuro melhor.
Quantos filhos e filhas não terão mais seus pais sentados naquela mesa onde eles contavam histórias. Quantos, ainda, perderão suas vidas para que nós, os filhos, possamos nos rebelar contra esse insano que governa nosso país. Não quero que filhos e filhas cante a canção de Sérgio Bittencourt e chorem quando ela diz que…
“Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver, melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória, eu guardo e sei de cor”
A falta do pai vem nas pequenas e grandes coisas. Os momentos felizes ou mesmo infelizes fazem parte do nosso imaginário nostálgico e pensar que…
“Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho, eu fiquei seu fã”
A dor doída não é coisa que despareça de um dia para outro. Por mais que nossas vidas nos levem a caminhos difusos, nosso sentimento de filho continua vivo e latente em nossos corações, por isso…
“Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída, não doía assim”
Espero que os filhos saibam entender presença de seus pais nesse orbe após sua partida. A construção do mundo que eles apresentaram para nós é a base daquilo que podemos melhorar e apresentar aos nossos filhos. Sou grato pela passagem do meu pai e de sua figura forte na minha criação. O destino não é um acaso, mas uma construção de nossas vivências.
O tempo é o senhor da cura de todas a dores. Mas, a lembrança de um pai jamais poderá ser apagada de nossas mentes. Cuidem de seus velhos pais para que possam envelhecer juntos!
Gutemberg Dias é professor universitário e empresário
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