Você conhece Yrahn Barreto, Geraldo Carvalho, Genildo Costa, Helder Gomes, Mariano Tavares, Lysia Condé, Arthur Porpino, Igapó de Almas, Pietá, Orquestra Greiosa, Skarimbó, Rosa de Pedra, Ângela Castro, Clara Menezes, Brinquedo Rico?
São ilustres desconhecidos da música potiguar. Sim, ilustres porque produzem música da melhor qualidade e desconhecidos porque são conhecidos apenas pelos amigos e familiares, por quem é do ramo e por quem vive plugado na FM Universitária de Natal, a 88.9, a única que toca estes artistas.
São talentos que cantam em pequenos ambientes, dão aulas de música ou fazem outra coisa para sobreviver. Imaginem como estão vivendo neste tempo de pandemia!
O Rio Grande do Norte sempre teve grandes músicos e compositores, o problema é que artistas de público da denominada MPB com fama nacional, passamos décadas sem ter, até que apareceu Roberta Sá, mas isto já é outro assunto.
Há outros mais antigos como Pedrinho Mendes, Babal (parceiro de Geraldo Azevedo) e Mirabô, que só veio gravar seu primeiro Cd com 70 anos de idade. Ilustres desconhecidos!
O rádio surgiu no Brasil em 1922 mas foi dos anos 1930 a 1950, denominada A Era de Ouro do Rádio, que a radiodifusão atingiu uma importância muito grande e quando a música ocupou um espaço extraordinário com a descoberta e divulgação de grandes ídolos, os reis e rainhas do rádio. Havia rádios de grande potência, com alcance nacional e outras com alcance apenas local mas mesmo estas foram importantes na difusão da música. Se a Rádio Nacional tinha Orlando Silva, Marlene e Emilinha Borba, a Rádio Educadora de Natal tinha Glorinha Oliveira e a Difusora de Mossoró tinha Aldenora Santiago, ídolos dos programas de auditório que desapareceram no final da década de 60, sendo substituídos pelos de televisão. Foi quando sumiram os ídolos regionais, que deixaram muito pouca coisa gravada pois, à época, as grandes gravadoras se concentravam no Rio e São Paulo.
As coisas foram mudando, durante a ditadura militar ocorreram os festivais da canção mas não substituíram os programas de auditório e para os candidatos a artistas das regiões mais distantes do país não restava outra opção senão migrar para o sul-maravilha. Pernambucanos, paraibanos e cearenses, dentre os nordestinos, foram os melhor sucedidos com a migração. O potiguar, parece que mais apegado à sua terra, ficou por aqui marcando o passo.
Temos grandes músicos, compositores, cantores, com produção da melhora qualidade e muitos não apenas deixaram o Rio Grande do Norte, saíram do Brasil e estão vivendo de música em outros países como Diogo Guanabara e Camila Masiso, sua esposa, hoje residindo em Portugal.
Resta então aos nossos artistas um criminoso anonimato pois temos dezenas de emissoras de rádio que simplesmente ignoram essa fantástica produção musical, de qualidade e bom gosto, de ritmos e temas variados e continuam com sua programação medíocre e de mau gosto. Pouco adiantou a performance de Khrystal no programa the Voice ou de Plutão já foi planeta no SuperStar, nossas emissoras continuaram a ignorá-los. Resta a FM Universitária de Natal, a 88.9, com seu trabalho solitário.
Muitos artistas, no entanto, já tem trabalhos nas plataformas digitais, permitindo que sejam ouvidos mais fora de nosso próprio país que na cidade onde residem. Muitos tem realizado excursões de sucesso, especialmente na Europa como a grande cantora Valéria Oliveira mas permanece a máxima que diz que santo de casa não faz milagre.
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