Assistir futebol na TV durante essa reclusão que já dura um ano e alguns dias, não tem sido fácil. Sozinho com minha cerveja, fico a lembrar das discussões intermináveis entre a turma que se reunia aqui em casa para assistir jogos do Flamengo, independente da importância. O arranca-rabo começava no pré-jogo, avançava pelo jogo e continuava no pós-jogo. A discussão pós-jogo, via de regra invadia a madrugada e só acabava quando as esposas ou namoradas ameaçavam abandonar os bebuns ao relento. Como isso me faz falta! Um dia a gente volta.
Em várias de nossas saudosas “Mesas Quadradas” ou algo que o valha, em que ninguém se entendia, aqui e acolá – muito raramente é bom que se diga – alguma discussão chegava a um consenso.
Apresento os participantes mais efetivos daquelas efusivas “Mesas Quadradas”:
Eu – Simplesmente o “Maior Entendedor de Futebol do Mundo”, segundo eu mesmo.
Túlio Filho (filho) – O mais bem informado. Só quer ser o PVC (Paulo Vinícius Coelho, um comentarista chato da Sportv, ex-ESPN) da turma.
Neto Falcão (primo) – O mais “zuadento”. Não diz coisa com coisa e acha que tem sempre razão.
Deppe (irmão) – O mais teórico e “Maria Vai Com as Outras”. Tem o dom de concordar e discordar de todos ao mesmo tempo.
Marcelo Cerqueira (amigo) – O mais desinformado. Ainda acha que Val Baiano joga no Flamengo.
Caio Valério (irmão) – Detesta discussão de futebol, mas tem que aguentar pra não perder a farra.
Convidados eventuais:
Luiz Costa (primo) – Não deixa ninguém falar e não consegue completar um raciocínio. É vascaíno e mora em Mossoró.
Luiz Antonio (primo) – Àquela época, morava em Rio Branco-AC. Hoje mora no circuito Mossoró-Ponta do Mel. A paz é o seu lema e tem plena convicção de que a Série B faz bem a algum time. É vascaíno. Tá explicado.
Pois bem. Vamos ao tema que gerou um raro consenso: “Pelos jogadores talentosos que possui, o Brasil deveria chegar a todas as finais de Copa do Mundo”. E porque não chega? Respondo eu: porque todos os treinadores brasileiros são umas bestas quadradas. São teimosos ao extremo, adoram topar de frente com as unanimidades e estão sempre comprando briga com a imprensa especializada.
A seguir, um resumo rápido das principais “bestices” dos treinadores brasileiros a partir de 1974 e que custaram a conquista de títulos:
Copa do Mundo de 1974 (Zagallo): Foi Campeão em 70 aproveitando a convocação de João Saldanha. Quando teve que fazer a sua própria convocação, se perdeu completamente. Conseguiu desperdiçar uma geração espetacular que contava com: Rivelino, Jairzinho, Carpegianni, Luis Pereira, Leão, Nelinho, Marinho Chagas, Leivinha, Paulo César Caju e tantos outros. Convocou mais de “300” jogadores e não formou um time.
Copa do Mundo de 1978 (Cláudio Coutinho): O pai do overlapping. Tinha uma grande seleção em mãos, mas cismou em colocar Edinho (zagueiro) de lateral esquerdo e Toninho (lateral direito) de ponta direita.
Copa do Mundo de 1982 (Telê Santana): A melhor seleção brasileira depois da de 70, mas Telê resolveu bancar o “frangueiro” do Valdir Perez (goleiro) e o maluco destrambelhado do Serginho (centroavante) como titulares.
Copa do Mundo de 1986 (Telê Santana): Essa Copa foi muito estranha. Telê assumiu em uma emergência, apelou para a experiência da turma de 82 para classificar o Brasil nas eliminatórias e para tumultuar ainda mais o ambiente, aconteceu a deserção de Leandro e o corte de Renato Gaúcho na hora do embarque para o México. Zico à meia boca também atrapalhou muito. E aquela derrota nos pênaltis para a França foi de lascar! Dá pra livrar – mais ou menos – a cara do mestre nessa.
Copa do Mundo de 1990 (Lazaroni): Jumento foi quem chamou um jumento para treinar a Seleção Brasileira. Surgimento da “Era Dunga”. Precisa dizer mais?
Copa do Mundo de 1998 (Zagallo): “Ói ele aí travez” fazendo lambança. Corte de Romário. “Piripaque” de “Ronalducho” antes da final (boto ou não boto?) e… Júnior Baiano!
Copa do Mundo de 2006 (Parreira): Bancou a “Farra do Hexa” com o “Quadrado Mágico”, Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Ronaldo e Adriano (os dois últimos visivelmente acima do peso) e não tinha opções no banco de reservas. E ainda teve o “meião” do Roberto Carlos na derrota para a França. Dizem que ele estava seguindo instruções de Parreira: “Henry não era o meu homem”. Pois diga!
Copa do Mundo de 2010 (Dunga): Felipe Melo. Precisa dizer mais alguma coisa?
Copa do Mundo de 2014 (Felipão): A única jogada ensaiada da “Selecinha de Felipão” era: “bola no Neymar e seja o que Deus quiser”. O goleiro titular era reserva no Toronto do Canadá. Confiava demais no maluco do David Luiz e os reservas Dante e Henrique não jogavam nem no Íbis. E convocou Jô! Não tinha Neymar para a semifinal contra a Alemanha e escalou Bernard “alegria nas pernas” para conter o avanço dos laterais alemães. 7 a 1 foi pouco.
Copa do Mundo de 2018 (Tite): Mais uma vez o Brasil dependia quase que exclusivamente do talento de Neymar. Acabou caindo para a Bélgica nas quartas de final. Mas de acordo com o “Empatite”, naquele dia o Brasil fez a melhor apresentação sob o seu comando. E Neymar acabou virando motivo de chacota mundial por causa do gasturento “cai cai”.
Até 22. Se houver.
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