De Natal a Baraúna, passando por Mossoró, São Rafael, Assú e mais um bocado de cidades no meio do caminho, muita chuva e uma vegetação verdejante. Os garrotes tudo gordinho, como diria meu sogro, agricultor calejado e aposentado há um bom par de anos. Nuvens de todos os tamanhos, calibres e cores. Formas também, já que eu passo boa parte da viagem olhando pro céu. O sol se insinua em alguns momentos e se deixa adivinhar pela mudança na paleta celeste. Carneirinhos se transformam em coelhos que viram porcos, jacarés e unicórnios antes que mudem para verdadeiros temporais. O som dos trovões se sobrepõe ao rock que sai do celular. Eparrê! Saúdo mentalmente pedindo proteção à Iansã enquanto cruzamos o estado e os desafios. Nas paradas para refeições e uso do banheiro, alguns alongamentos tentam minimizar as dores que com certeza virão. Reuniões de trabalho se sucedem aos encontros com amigos. Ou seria o contrário? Bom conhecer pessoas novas, melhor ainda é rever quem gostamos, tomar cerveja, rir desbragadamente, cantar a plenos pulmões, se entregar a abraços. As conversas se atropelam e os assuntos ficam inconclusos como se a aguardar o próximo encontro. Poucas horas de sono, mais estrada e a vontade de chegar num novo lugar. Gosto de correr campo, falar com gente, conhecer histórias. Um sentimento de esperança é percebido junto com a certeza de um bom inverno pro sertanejo. Tempo bom de plantar pra colher na primavera. Pelas minhas andanças, o que mais se planta é o desejo de um amanhã melhor. E eu sinceramente espero que a água das chuvas lave as ruas, almas e mágoas e desemboque num futuro que já vivi. E ainda me lembro.
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