Após 70 anos, a família Rosado deixará de administrar Mossoró, em respeito à vontade de 65.297 eleitores, 47,52% dos votos válidos. Na campanha, muitos rosalbistas arrotavam arrogância. Diziam que era impossível que Allyson Bezerra (SD) vencesse Rosalba Ciarlini (PP). Estufavam o peito ao falar. Esnobavam o principal candidato oposicionista até mesmo pela sua origem humilde. Tiveram que engolir a arrogância a seco. Que sirva de lição.
EXPECTATIVA
Após a expurgação de Rosalba Ciarlini do Palácio da Resistência, a esperança é que o próximo prefeito, Allyson Bezerra (SD), atenda aos anseios de quem acreditou nele, confiando-lhe a administração da segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, com 300 mil habitantes.
Os nomes que ele escolheu para compor a equipe de transição, bem como os secretários anunciados até agora, são sinais de que a administração será técnica. Parece bem intencionado o “menininho” do sítio Chafariz.
PRESIDÊNCIA DA CÂMARA
Tudo indica que o próximo presidente da Câmara Municipal de Mossoró será Lawrence Amorim (SD), o 12º mais votado no dia 15 de novembro. Lawrence, que tem trânsito livre em todas as rodas, já foi prefeito de Almino Afonso (RN) por dois mandatos. Tem experiência na arte de negociar no mundo político.
Todos os vereadores eleitos entrevistados até agora, quando perguntados sobre o assunto, ressaltam que Lawrence é um ótimo nome. Só uma manobra de bastidores muito bem feita tirará a presidência dele.
ENTREVISTAS
Tenho acompanhado com atenção as entrevistas concedidas pelos vereadores eleitos. No geral, são pessoas despreparadas para o cargo, mas que, curiosamente, reconhecem suas limitações, dizendo que contratarão assessorias para ajudá-los na missão de representar o povo mossoroense. A maioria foi eleita em retribuição ao assistencialismo que realizam em suas comunidades. Tirando um ou outro, parecem bem intencionados.
NOVOS IMORTAIS
Se arreglan para la feria / Como Maria Bonita y Lampião / Llevando sandalias de cuero / Para la sagrada fiesta de San Juan. Esses versos estão no livro Semiosis. São de autoria de Welma Menezes, que na última terça-feira (15) foi eleita para ocupar a cadeira 15 da Academia Mossoroense de Letras (AMOL), em candidatura única. No mesmo dia, Misherlany Gomes foi eleito para a cadeira 16, vencendo por 14 x 11 a disputa com Eriberto Monteiro.
RUY FAUSTO
Apenas nesta semana soube do falecimento de Ruy Fausto, um dos maiores pensadores brasileiros de todos os tempos. Ele morreu no último dia 01º de maio, aos 85 anos. Sofreu um infarto enquanto tocava piano na sua casa em Paris, na França.
Fausto é autor de vários livros, entre eles Caminhos da Esquerda: Elementos para uma Reconstrução (2017), onde traz os três maiores erros da esquerda latina, na sua ótica, bem como as bases para uma reconstrução, como informa o nome da obra.
O livro desagradou ao núcleo mais duro do esquerdismo, até porque Ruy Fausto é um dos poucos esquerdistas a defender uma autocrítica do PT. Os argumentos que ele utiliza são até interessantes, mas não cabe discuti-los aqui.
O OMBUDSMAN MISTERIOSO
Desde meados de maio circulam nos intramuros do Itamaraty crônicas sobre o cotidiano do Ministério das Relações Exteriores. Os textos são sarcásticos, críticos, contundentes e até debochados. Eles são assinados por um tal de Ereto da Brocha. A suspeita é que seja um diplomata aposentado e bastante culto, pois os textos trazem muitos fatos antigos e muita menção à literatura, música etc. São crônicas saborosas, recheadas de um sarcasmo muito inteligente.
Elas são enviadas semanalmente para grupos de WhatsApp de pessoas ligadas ao ministério em questão. O servidor Paulo Roberto de Almeida resolveu reunir todas as crônicas, em torno de 30, num arquivo PDF, e publicar no blog Diplomatizzando. As crônicas são pequenas. Dá para ler tudo em pouco tempo. Vale muito à pena.
BASTIDORES CONTRA O NOBEL DA PAZ
Num dos artigos do incógnito cronista, ele relembra o empenho dos militares, durante a ditadura, para impedir que o arcebispo de Recife e Olinda, D. Hélder Câmara, fosse agraciado com o Prêmio Nobel da Paz.
O religioso foi indicado ao prêmio quatro vezes, garantindo assim a posição de brasileiro mais indicado a qualquer Nobel. Nas quatro oportunidades, os militares brasileiros agiram para impedir a premiação, vez que o julgavam comunista, apesar de ele ter apoiado o golpe em 1964.
Algumas dessas ações são relatadas na crônica, bem como no Livro de Jô, Vol. II, a autobiografia de Jô Soares, entre tantas outras obras.
QUIPROQUÓ NO SERIDÓ
Continua gerando polêmica o programa Pró-Sertão, onde facções têxteis atendem a grandes grupos industriais, entre eles o Grupo Guararapes. O cerne da discórdia está na existência ou não de vínculo trabalhista entre os empregados dessas facções e os grupos industriais, ou seja, as indústrias podem ser acionadas judicialmente caso as facções têxteis não cumpram as obrigações laborais?
No último dia 10 de dezembro, o site oficial do Tribunal Regional do Trabalho do RN (21ª região) publicou uma matéria sobre o assunto, dizendo que, por maioria de votos, os desembargadores haviam decidido pela inexistência de vínculo.
Dois dias após, o site oficial do Ministério Público do Trabalho do RN publicou Nota de Esclarecimento desmentindo a matéria do site oficial do TRT21, dizendo que não houve julgamento da questão em si, mas de um processo de Uniformização de Jurisprudência, que o mérito ainda não foi analisado.
É a primeira vez que vejo “briga” entre sites oficiais do Judiciário e do Ministério Público.
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